Autor: Neil Gaiman, com arte de Dave Mckean
Editora: Conrad
Nº de páginas: 160
Gênero: Drama
Olá, pessoal! Estive uns dias ausente porque estava
viajando. Nisso, depois de retomar as leituras e descansar um pouquinho, hoje
trago para vocês mais uma resenha. Dessa vez a escolhida é uma Graphic Novel, A Comádia Trágica ou a Tragédia
Cômica de Mr. Punch, do (justamente) aclamadíssimo Neil Gaiman, com a arte de
Dave McKean. Espero que vocês gostem! :D
Mr. Punch conta a história de um
garoto que costuma passar muitos dias na casa dos seus avós paternos, em
Porthsmouth, litoral da Inglaterra. Nessa estadia, ele assiste ao sinistro
teatro de fantoches da Comédia Trágica ou a Tragédia Cômica de Mr. Punch, que
lhe causa, ao mesmo tempo, admiração e espanto. Além disso, também confronta o
universo de segredos e amarguras dos adultos, nas figuras de seu avô e do seu
tio-avô corcunda Morton, de uma mulher que ganha a vida interpretando uma
sereia no fliperama de seu avô e do misterioso “professor de Punch e Judy”,
Swatchell.
Com uma atmosfera tão pesada quando Sinal e Ruído, Gaiman mostra aspectos
sombrios da vida através dos olhos de uma criança, que envolvem a loucura de
seu avô, a recusa da família em falar abertamente sobre a doença de seu tio
Morton, dentre muitas memórias que nunca tiveram maiores explicações, para o
menino. No meio disso tudo, está Swatchell e os fantoches de “Mr. Punch”.
Quando li, pensei: “é uma boa
história, mas falta alguma coisa”. É, claro, muito bem narrada, e a
nebulosidade das perguntas sem resposta do menino dão um ritmo de mistério e
desalento à narrativa. À muitas das dúvidas dele, sendo criança, um leitor mais
maduro poderia sugerir respostas, ou ter ainda mais dúvidas que ele, o que é interessante.
Entretanto, acho que um ponto negativo (que não é culpa de Gaiman), é a
possível dificuldade em entender o simbolismo dos fantoches de Mr. Punch na
história. Vale lembrar que esse teatro de Mr. Punch é uma tradição britânica, pelo
menos, desde o século XVII e que, óbvio, Gaiman não o colocou gratuitamente. Penso
que a editora deveria ter acrescentado notas acerca disso, para evitar,
justamente, essa sensação de que “falta” alguma coisa. O que se conclui desta
relação é que o teatro de fantoches de Mr. Punch, repleto de violência (que não
sabemos se é assim em todas as versões ou se foi uma adaptação de Gaiman) é uma
metáfora da própria decadência que o menino assiste ao seu redor e que seus
olhos infantis ainda não são completamente capazes de compreender. Ainda assim,
quem quiser saber mais sobre o teatro de Mr. Punch, pode dar uma olhadinha aqui.
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Apresentação de Mr. Punch numa praia |
Quanto ao trabalho gráfico, porém,
não há reservas. A arte de Dave McKean está simplesmente perfeita para a
narrativa. Sombria, mas com um toque delicado, que remete bem ao olhar infantil.
As imagens dos bonecos são detalhadas e inquietantes, com cores que chamam a
atenção e se destacam no meio das cores cinzentas que predominam na história.
Os adultos são quase sempre desenhados vistos por baixo, nos dando a sensação
daquele universo que, para o menino, era inalcançável. Simplesmente perfeito.
Então é isso! Quem quiser dar uma
olhada, eu recomendo! O preço está bem em conta. Acredito que o único problema
tenha sido mesmo essa falha em esclarecer aspectos culturais. No mais, vale
muito a pena!
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Capa: «««««
Diagramação interna: «««««